10/03/2014 - FICHA 4 - LINGUAGEM SUBJETIVA E LINGUAGEM OBJETIVA
Os temas/termos objetivos
Os temas objetivos buscam trazer informações precisas para o leitor, transmitindo-lhes conhecimento, fatos. Estão presentes principalmente em textos jornalísticos, científicos, técnicos, acadêmicos etc. Nesse tipo de texto, predomina a linguagem objetiva. O próprio jornal, quando quer veicular opiniões próprias, edita-as em seções especiais tais como editoriais e cartas aos leitores.
Leia abaixo uma descrição objetiva de coração:
O coração é um órgão muscular oco, envolto por um saco cheio de líquido chamado pericárdio, localizado no interior da cavidade torácica. Sua função é bombear o sangue oxigenado (arterial) proveniente dos pulmões para todo o corpo e direcionar o sangue desoxigenado (venoso), que retornou ao coração, até os pulmões, onde deve ser enriquecido com oxigênio novamente.
Ø Os temas/termos subjetivos
Entende-se por subjetivo aquele texto que expressa a visão pessoal do autor a respeito de algum assunto. Assim, é comum que se recorra, por exemplo, às linguagens figuradas. Os temas/termos subjetivos estão presentes em muitos tipos de textos: podem estar expressos num poema, num pensamento, num provérbio, numa crônica, em contos e até em romance de ficção. Apesar de serem mais corriqueiros em textos literários, é possível encontrar subjetividades em textos predominantemente objetivos, como notícia e até relatório. Isso, porque a escolha de determinados vocábulos pode denunciar o ponto de vista do autor.
Exemplos de coração, do ponto de vista subjetivo:
“Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim”. Gonzaguinha
“Deixe em paz meu coração / Que ele é um pote até aqui de mágoa / E qualquer desatenção, faça não/ Pode ser a gota d’água”. Chico Buarque
Entretanto, é possível perceber marcas de subjetividade, mesmo em textos objetivos, de forma sutil. Observe as manchetes abaixo:
SISU 2014: MAIS DE UM MILHÃO DE INSCRIÇÕES NO PRIMEIRO DIA
02/01/2014: TERREMOTO DE 5,5 GRAUS DEIXA NO IRÃ PELO MENOS UM MORTO
Você conseguiu percebê-las?
Exercícios
1. Identifique o excerto com descrição mais objetiva e o de descrição subjetiva. Justifique com elementos desses excertos.
I – Era um aposento amplo, quadrado, parecendo ainda maior pelo fato de não ter mobília alguma. Diante da porta, havia uma lareira aparatosa, encimada por um parapeito de falso mármore branco. Num dos cantos desse parapeito estava grudado um toco de vela vermelha. (Conan Doyle, com adaptação)
II – Na sala havia uma galeria de retratos: arrogantes senhores de barba em colar se perfilavam enquadrados em imensas molduras douradas, em doces perfis de senhoras (...); mas, daquelas velhas coisas, sobre as quais a poeira punha mais antiguidade e respeito, a que gostei mais de ver foi um belo jarrão de porcelana da China, aquela pureza de louça (...).
(Lima Barreto, com adaptação)
IMPORTANTE: A subjetividade pode ser representada por vários recursos, como, por exemplo, o emprego de figuras de linguagem (metáforas, hipérboles, ironias etc.), diminutivos, aumentativos, impressões sensoriais, adjetivos e advérbios que demonstrem pontos de vista particulares.
2. Descreva, objetivamente, com, no mínimo, duas linhas:
a. seu quarto.
b. você (fisicamente);
c. os estudos de Português.
3. Descreva, subjetivamente, com, no mínimo, duas linhas:
a. seu melhor amigo.
b. um guarda-chuva.
c. sua adolescência.
4. Do poema abaixo, transcreva as sinestesias (descrições sensoriais). Justifique a subjetividade contida nesse tipo de expressão.
NOITE
Úmido gosto de terra,
cheiro de pedra lavada,
– tempo inseguro do tempo! –
sobra do flanco da serra,
nua e fria, sem mais nada.
Brilho de areias pisadas,
sabor de folhas mordidas,
– lábio da voz sem ventura! –
suspiro das madrugadas
sem coisas acontecidas.
A noite abria a frescura
dos campos todos molhados,
– sozinho, com o seu perfume! –
preparando a flor mais pura
com ares de todos os lados.
Bem que a vida estava quieta.
Mas passava o pensamento...
– de onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta
entre as estrelas e o vento.
(MEIRELES, Cecília. Obra Completa.)
5. Um dos efeitos de subjetividade ocorre ao se empregarem diminutivos.
a. Justifique o título da tirinha, de acordo com a afirmação acima.
b. Diante desse contexto, qual a quebra de expectativa ocorrida no último quadrinho?
c. Cite, respectivamente, frases em que o diminutivo demonstre efeitos de carinho, ironia e infantilização.
PRÁTICAS DE ESCRITA
TÉCNICAS DE RESUMO
Resumo é um trabalho de extração de ideias das ideias de um texto.
A prática de resumo segue, basicamente, duas estratégias de seleção de ideias principais:
a) cópia (manutenção de informações essenciais);
b) o apagamento (eliminação de informações secundárias).
Três técnicas podem ser úteis: o apagamento, a generalização e a construção.
· Apagamento: consiste em apagar, em cortar as partes que são desnecessárias.
Geralmente essas partes são os adjetivos e os advérbios, ou frases equivalentes a eles.
O velho jardineiro trabalhava muito bem. Ele arrumava muitos jardins diariamente. = O jardineiro trabalhava bem.
· Generalização: consiste em reduzir os elementos da frase através do significado.
Pedro comeu picanha, costela, alcatra e coração no almoço. = Pedro comeu carne no almoço.
· Construção: consiste em substituir uma sequência de fatos por uma única, que
possa ser deduzida a partir delas, também baseando-se no significado.
Maria comprou farinha, ovos e leite. Foi para casa, ligou a batedeira, misturou os ingredientes e colocou-os no forno. = Maria fez um bolo.
Além dessas três, ainda existe uma quarta dica que pode ajudar muito a resumir um texto. É a técnica de sublinhar.
Enquanto você estiver lendo o texto, sublinhe as palavras ou frases que fazem mais sentido, que expressam ideias que tenham mais importância. Depois, junte seus sublinhados, formando um texto a partir deles e aplique as três primeiras técnicas.
PARA RESUMIR, DEVE HAVER:
* Objetividade (extração dos elementos fundamentais, sem comentários);
* FIDELIDADE às ideias do texto original;
* FRASES breves, diretas e objetivas;
* CLAREZA;
* EMPREGO da 3ª. pessoa, preferencialmente.
REVISÃO POÉTICA
ESTRUTURA DO POEMA
VERSOS: LIVRES OU METRIFICADOS
CONTA-SE ATÉ A ÚLTIMA SÍLABA TÔNICA
REDONDILHAS (5 OU 7 SÍLABAS – FORMAS MAIS POPULARES)
“Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi”
Gonçalves Dias – Juca Pirama (redondilha menor)
Paratodos (redondilha maior) - https://letras.mus.br/chico-buarque/45158/
DECASSÍLABOS (10 SÍLABAS – CLÁSSICO)
Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
ESTROFES: SONETOS, FORMAS FIXAS E LIVRES
Tercetos
Olavo Bilac
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
"Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"
E ela abria-me os braços. E eu ficava.
RELAÇÃO ENTRE OS ASSUNTOS DOS POEMAS
Na Boca da Noite
Toquinho
Cheguei na boca da noite,
Parti de madrugada
Eu não disse que ficava
Nem você perguntou nada
Na hora que eu ia indo,
Dormia tão descansada,
Respiração tão macia,
Morena nem parecia
Que a fronha estava molhada
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
Gente da nossa estampa
Não pede juras nem faz,
Ama e passa, e não demonstra
Sua guerra, sua paz
Quando o galo me chamou,
Eu parti sem olhar pra trás
Porque, morena, eu sabia,
Se olhasse, não conseguia
Sair dali nunca mais
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
O vento vai pra onde quer
A água corre pro mar
Nuvem alta em mão de vento
É o jeito da água voltar
Morena, se acaso um dia
Tempestade te apanhar
Não foge da ventania,
Da chuva que rodopia,
Sou eu mesmo a te abraçar
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
https://www.youtube.com/watch?v=UNa-hMgFalY
LINGUAGEM POÉTICA
RIMAS EXTERNAS https://letras.mus.br/chico-buarque/45140/
RIMAS INTERNAS
“Donzela bela, que me inspira a lira
Um canto santo de fremente amor,
Ao bardo o cardo da tremenda senda
Estanca, arranca-lhe a terrível dor”.
(Castro Alves)
SONORIDADE
ALITERAÇÃO;
ASSONÂNCIA.
https://letras.mus.br/marisa-monte/441705/
https://letras.mus.br/chico-buarque/129836/
ESCOLHA LEXICAL
https://letras.mus.br/arnaldo-antunes/44207/
FIGURAS DE LINGUAGEM
METÁFORA
EUFEMISMO
PROSOPOPEIA
COMPARAÇÃO
IRONIA
OS SENTIDOS
Poética
Vinicius de Moraes
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Embora soneto
Arthur da Távola
Vivo meu porém
No encontro do todavia
Sou mas.
Contudo
Encho-me de ainda
Na espera do quando
Desando ou desbundo.
Viver é apesar
Amar é a despeito
Ser é não obstante.
Destarte.[1]
Sou outrossim[2]
Ilusão, sem embargo[3]
Malgrado[4] senão.
Morte do Leiteiro
Carlos Drummond de Andrade
Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.
Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
LEMBRE-SE: OS POEMAS PODEM SER LÍRICOS, SOCIAIS, NARRATIVOS ETC.
POLISSEMIA= POLI (MUITOS) + SEMIA (SIGNIFICADO)
OS POEMAS POSSUEM LINGUAGEM POLISSÊMICA